Hoje vou contar uma coisinha, ou seja, uma conversinha que eu ouvi, há muitos anos atrás, quando eu era rapaz piqueno lá no Canto da Praia de Camboriú, entre o seu Nico carroceiro e o Zé Ventura, nosso curandeiro.
Se Zé, sabia tudo de benzimento e toda a ciência necessária às curas do nosso povo e seu animais.
Seu Nico foi consultá-lo porque seu cavalo estava praticamente morto.
Seu Zé na sua costumeira calma ouviu atentamente as explicações do amigo. Nosso veterinário Papa-siri, após ouvi-lo atentamente passou ao seu costumeiro e minucioso inquérito tão necessário um bom diagnóstico digamos “médico”. Ele dizia, ponan, ponan, antes de formar suas frases.
Eu que andava sempre em derridó do seu Zé Ventura, presenciei o colóquio que foi mais ou menos assim:
-Ponam, ponam. . . Andasse muito co teu cavalo nessa torreira do sóli, foi?
-Andei, um pouco; .... bastante....
-Sabes que essa suluna que anda esse verão, nem cavalo s’agüenta!
-Fazê o quê sô Zé, sô obrigado.
-O animáli tava bosteando mole ou bosteando duro?
-Mole, muito mole, sô Zé
- Merda preta ou amarela?
- Amarela, né, seu Zé, não assim que os animális cagam quando tão duente?
-Ramelava pelo um zólho ou ramelava pelos dois zólho?
-Nos dois né, sô Zé.
-Sortava uma gosma pelos nariz ou sorta essa gosma pela boca, tumém?
-Sorta uma baba grossa pela boca, sim seu Zé.
-Tá imperado? Sagüenta em pé ou tá estirado no chão?
-Tá morto, sô Zé, arriadinho, arriadinho no chão.
-Ponam, ponam. . . Trupediô nas pernas antes de se arriá, ou não?
-Ah, vinha trupidiando sim, trupicou diversas vez comigo em riba dele.
-Tá muito esbaforido, tá?
-É. . . Tava esbofando bastante, sim.
- Tava muito ansiado, tava?
-Muito, muito.
-Tentasse arribá ele?
-Num tentei num sinhô, o bicho tá muito arriado.
-Desse de bebê água a ele, desse?
-Di.
-Não arribô?
-Nada.
Então, Zé Ventura concluiu e mandou o veredito:
- “Ponam, Ponam, misim fio, vai pra casa pensado no homi mais mintiroso que tu cunhece im Cambriú, co teu cavalo vai ficá bom”.
O homem deu uma gorjetinha pro velhinho e foi-se embora, pensando no homem mais mentiroso de todo esse Camboriú.
Quando o homem chegou em casa, o cavalo estava morto. Indignado, voltou à casa do Zé Ventura para reclamar garantias. Chegou e já foi esculhambando com o velho.
- Oh sô Zé, dijaoje eu tive aqui, o sinhô mi atendeu, mi arreceitô uma receita, mas cheguei im casa e o mô cavalo tava morto. A sua simpatia num deu certo, eu fiz tudo certinho como o sinhô mandô, fui inté pensando no homi mais mintiroso de nosso Cambriú.
-Ponam Ponam misim fio, mi diga in quem que tu foi pensando?
-Eu fui pensando no meu vizinho, no Romeu – o Romeu Pereira. -Ponam Ponam misin fio, acuntece co Romeu não é dose pá cavalo, é dose pá inlefante, foi forte demági, mô filho!!!!
Se Zé, sabia tudo de benzimento e toda a ciência necessária às curas do nosso povo e seu animais.
Seu Nico foi consultá-lo porque seu cavalo estava praticamente morto.
Seu Zé na sua costumeira calma ouviu atentamente as explicações do amigo. Nosso veterinário Papa-siri, após ouvi-lo atentamente passou ao seu costumeiro e minucioso inquérito tão necessário um bom diagnóstico digamos “médico”. Ele dizia, ponan, ponan, antes de formar suas frases.
Eu que andava sempre em derridó do seu Zé Ventura, presenciei o colóquio que foi mais ou menos assim:
-Ponam, ponam. . . Andasse muito co teu cavalo nessa torreira do sóli, foi?
-Andei, um pouco; .... bastante....
-Sabes que essa suluna que anda esse verão, nem cavalo s’agüenta!
-Fazê o quê sô Zé, sô obrigado.
-O animáli tava bosteando mole ou bosteando duro?
-Mole, muito mole, sô Zé
- Merda preta ou amarela?
- Amarela, né, seu Zé, não assim que os animális cagam quando tão duente?
-Ramelava pelo um zólho ou ramelava pelos dois zólho?
-Nos dois né, sô Zé.
-Sortava uma gosma pelos nariz ou sorta essa gosma pela boca, tumém?
-Sorta uma baba grossa pela boca, sim seu Zé.
-Tá imperado? Sagüenta em pé ou tá estirado no chão?
-Tá morto, sô Zé, arriadinho, arriadinho no chão.
-Ponam, ponam. . . Trupediô nas pernas antes de se arriá, ou não?
-Ah, vinha trupidiando sim, trupicou diversas vez comigo em riba dele.
-Tá muito esbaforido, tá?
-É. . . Tava esbofando bastante, sim.
- Tava muito ansiado, tava?
-Muito, muito.
-Tentasse arribá ele?
-Num tentei num sinhô, o bicho tá muito arriado.
-Desse de bebê água a ele, desse?
-Di.
-Não arribô?
-Nada.
Então, Zé Ventura concluiu e mandou o veredito:
- “Ponam, Ponam, misim fio, vai pra casa pensado no homi mais mintiroso que tu cunhece im Cambriú, co teu cavalo vai ficá bom”.
O homem deu uma gorjetinha pro velhinho e foi-se embora, pensando no homem mais mentiroso de todo esse Camboriú.
Quando o homem chegou em casa, o cavalo estava morto. Indignado, voltou à casa do Zé Ventura para reclamar garantias. Chegou e já foi esculhambando com o velho.
- Oh sô Zé, dijaoje eu tive aqui, o sinhô mi atendeu, mi arreceitô uma receita, mas cheguei im casa e o mô cavalo tava morto. A sua simpatia num deu certo, eu fiz tudo certinho como o sinhô mandô, fui inté pensando no homi mais mintiroso de nosso Cambriú.
-Ponam Ponam misim fio, mi diga in quem que tu foi pensando?
-Eu fui pensando no meu vizinho, no Romeu – o Romeu Pereira. -Ponam Ponam misin fio, acuntece co Romeu não é dose pá cavalo, é dose pá inlefante, foi forte demági, mô filho!!!!
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