A auto-hemoterapia voltou, desta vez, circulando na internet e no tradicional boca à boca.
Em 2007, manchetes de jornais e programas de televisão fizeram reportagens a respeito da terapia que resultou na suspensão da prática.
Agora, um vídeo completo mencionando casos de utilização da auto-hemoterapia, circula no You Tube e tornou-se popular entre aqueles que querem utilizá-la.
Um dos perigos está na aplicação do método sem nenhum acompanhamento médico. Qualquer pessoa que conheça o processo de retirada de sangue com uma seringa e reaplicação no músculo, pode acabar fazendo, com riscos diretos à saúde e, em casos extremos de erro na aplicação, levar à morte.
A prática foi proibida pelo Conselho Federal de Medicina e pela Anvisa, ou seja, nenhum profissional da área pode aplicar o tratamento.
Mas afinal, o que é auto-hemoterapia e porque tornou-se popular?
Para os defensores da técnica, Auto-Hemoterapia consiste da retirada de sangue da veia de um indivíduo e reposição imediata no músculo da nádega ou do braço da própria pessoa, estimulando assim o Sistema Retículo-Endotelial (S.R.E), o que provocaria a quadruplicação dos macrófagos em todo organismo.
Segundo o médico Ricardo Veronesi, o macrófago é uma célula importante no mecanismo de defesa do sistema imunológico do organismo, já que responde por várias funções como a destruição de vírus, bactérias, complexos auto-imunes e células anormais (neoplásicas).
Apesar de ser uma técnica ainda contestada por grande parte da comunidade médica, tem um histórico antigo.
No Brasil tornou-se conhecida em 2007 após reportagem do programa da TV Globo, Fantástico, questionando o uso da Auto-Hemoterapia. Também no Brasil foi realizada a pesquisa mais esclarecedora. O professor Jesse Teixeira provou que o Sistema Retículo-Endotelial era ativado pela auto-hemoterapia, em seu trabalho publicado e premiado em 1940 na “Revista Brasil – Cirúrgico”, mês de Março.
Segundo o site de Fátimah Borges, Dr. Jesse Teixeira provocou a formação de uma bolha na coxa de pacientes, com cantárida, substância irritante. Fez a contagem dos macrófagos – células de defesa do sistema imunológico. Antes da auto-hemoterapia, a cifra foi de 5%. Após a auto-hemoterapia a cifra subiu a partir da 1ª hora, chegando após 8 horas a 22%. Manteve-se em 22% durante 5 dias e finalmente declinou para 5% no 7º dia após a aplicação.
O site afirma: o estudo comprovou que a auto hemoterapia provoca a quadruplicação dos macrófagos, células multi
funcionais do sistema imunológico.
Os diversos casos citados em artigos e por outros profissionais que passaram a utilizar a AH, como a enfermeira
Ida Zaslavsky, em Florianópolis, chamaram a atenção de profissionais em todo o Brasil, que também tiveram acesso ao vídeo e passaram a incluir esse procedimento em suas clínicas.
Em Recife passou a ser utilizada na rede pública, em Postos de Saúde, com bons resultados, segundo o médico que estava à frente do projeto, e fez esta declaração ao Fantástico em 2007.
A resposta das instituições profissionais não demorou.
Alguns conselhos de medicina e de enfermagem a princípio desaconselharam seu uso até que estudos mais conclusivos fossem feitos. Outros simplesmente proibiram sua prática. Mesmo após a proibição a prática volta a circular com força na Internet, e passada entre pessoas, boca à boca, via e-mail, em blogs. Vários sites promovem uma Campanha Nacional em defesa a Auto-hemoterapia.
Como explicar o retorno de prática que foi proibida pelos dois maiores órgãos reguladores? Onde está a verdade? Afinal o tratamento surte efeitos?
Muitos sites e blogs afirmam categoricamente: A autohemoterapia só não foi aprovada por força de interesses
financeiros da indústria farmacêutica.
Impossível? Teoria da Conspiração? Talvez, mas se lembrarmos o que a indústria do cigarro fez para negar os efeitos nocivos do cigarro, inclusive quando pressionada em julgamento público na Corte Americana, vemos que impossível não é.
De outro lado, será que a técnica não acaba prometendo mais do que realiza? E se é eficaz, porque não existem artigos científicos que corroborem os resultados?
A técnica foi proibida pelo Conselho Federal de Medicina e pela Anvisa, através de nota técnica divulgada em
de abril de 2007, com os seguintes argumentos:
“1. A prática do procedimento denominado auto-hemoterapia não consta na RDC nº. 153 que determina o regulamento técnico para os procedimentos hemoterápicos...”
“...Não existem evidências científicas, trabalhos indexados, que comprovem a eficácia e segurança deste procedimento.”
“Este procedimento não foi submetido a estudos clínicos de eficácia e segurança, e a sua prática poderá causar reações adversas, imediatas ou tardias, de gravidade imprevisível.”“A Resolução CFM nº 1.499, proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.”