Candidatos à vice-reitoria e às pró-reitorias deverão entregar cópia do Imposto de Renda e relação de bens
Para dar uma nova cara à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), maculada por uma série de suspeitas sobre a antiga gestão, o novo reitor, Marcos Fernando Ziemer, 42 anos, decidiu transformar a transparência em uma das suas palavras de ordem.
Como primeira medida dessa estratégia, ele exigirá que todos os candidatos à vice-reitoria e às pró-reitorias entreguem uma cópia da declaração do Imposto de Renda e uma relação de seus bens. Ziemer apresentou ontem as primeiras linhas de seu plano à frente da instituição, durante encontro com 580 pastores luteranos de todo o Brasil, em Balneário Camboriú, no litoral catarinense.
– Todos, inclusive eu, apresentarão o Imposto de Renda e a declaração de bens – confirmou.
O pastor pretende divulgar o nome dos novos integrantes da reitoria até quinta-feira, mas já traçou o perfil que deseja no grupo. Para o reitor, eles precisam ser especialistas em sua área como forma de “profissionalizar a gestão da universidade”. Os dirigentes – que passarão pela aprovação da entidade mantenedora da universidade, a Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (Celsp) – ocuparão os cargos da equipe do reitor demissionário Ruben Becker. A decisão de destituir a reitoria anterior já havia sido anunciada na sexta-feira, minutos depois de Ziemer ser eleito na assembleia-geral extraordinária da Celsp.
Além de evitar especulações sobre a idoneidade dos novos pró-reitores, as medidas aproximam a direção dos professores, de médicos e de outros funcionários da UIbra. Nos últimos meses, os trabalhadores paralisaram as atividades e foram às ruas para gritar por mais transparência e profissionalismo como forma de estancar a turbulência, que gerou dívidas superiores a R$ 1 bilhão, e colocar os salários em dia.
– É preciso um novo modelo para a universidade, com a democratização das decisões de modo a estabelecer uma relação respeitosa com a comunidade – afirmou Marcos Fuhr, diretor do Sindicato dos Professores do Estado (Sinpro).
A presença de Ziemer no Concílio Nacional de Pastores da Igreja Evangélica Luterana do Brasil alterou até a pauta do evento. Os religiosos deram uma pausa nas discussões doutrinárias para ouvir sobre o futuro de uma das maiores universidades brasileiras. A convite do presidente da igreja, Paulo Moisés Nerbas, ele expôs seus desafios. Os 90 minutos foram suficientes para convencer os colegas.
– As suas atitudes ganharam o coração da igreja – afirmou o pastor Vilson Regina, de Santa Maria, na Região Central.
Depois do encontro, o reitor iniciou a viagem de retorno à Região Metropolitana. Mesmo em meio ao feriadão de Tiradentes, ele planeja encontros com representantes da Justiça Federal e da Secretaria Estadual da Saúde. Com as conversas, busca uma solução para as duas questões que mais o aflige nestes primeiros dias à frente da Ulbra: os salários atrasados e a suspensão das atividades em três dos quatro hospitais da rede.
Os desafios de Ziemer
- SALÁRIOS
O reitor busca um encontro com a Justiça Federal hoje para discutir o bloqueio das contas, o que impede a movimentação e o pagamento dos salários. Ele buscará um acordo para a liberação de recursos que permitam à instituição retomar suas atividades. Apesar dessa movimentação, Ziemer evitou prometer prazos para a quitação dos salários
– É bom deixar claro que trocar o reitor não resolve todo o problema da Ulbra. Não posso dizer que, quinta-feira, a situação dos salários estará resolvida, porque sequer tive acesso à minha sala de trabalho e às informações sobre a universidade – afirmou.
Os professores reivindicam o pagamento de 2,3 salários atrasados – a folha de março deve estar hoje na conta do último grupo de docentes. Os funcionários de hospitais reclamam do atraso equivalente ao rendimento de dois meses. - SAÚDE
Ziemer tenta audiência com o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, para discutir a situação da rede hospitalar. Em outra frente, para tentar acelerar a reabertura do Hospital Independência, na Capital, e do Hospital Universitário, em Canoas, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) inicia hoje uma rodada de reuniões. Em audiência com o prefeito da Capital, José Fogaça, os sindicalistas irão propor que a prefeitura, ao lado do Estado e do governo federal, assuma a instituição de forma temporária. Na quarta-feira, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, ouvirá a mesma sugestão com relação ao Universitário.
Representante do funcionários da rede, o Sindisaúde, porém, avisa que a categoria só retornará à atividade após o pagamento de todos os atrasos.
– Nós só voltamos ao trabalho com fatos concretos. Promessas já não nos bastam mais – afirmou a diretora da entidade, Vilma Ribeiro. - EDUCAÇÃO
O Sinpro sinaliza que a tendência é o retorno dos professores às salas de aula na quinta-feira. Segundo Marcos Fuhr, diretor do sindicato, os docentes esperam que o anúncio da destituição da equipe de Ruben Becker se concretize. O fim da greve será decidido em assembleia na quarta-feira.
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