Após sofrer críticas do Prefeito Edson Piriquito a respeito da obra do binário, alegando estar cheia de erros absurdos, o ex-secretário de Planejamento de BC e engenheiro civil Auri Pavoni, decidiu publicar uma carta à imprensa rebatendo as críticas.
A carta, na íntegra, enviada à imprensa pelo ex-secretário Auri Pavoni:
Balneário Camboriú, 17 de Fevereiro de 2009.
Prezado Jornalista,
Sobre as seguidas críticas na imprensa por parte do prefeito Edson Piriquito a respeito do Binário eu, como principal responsável pela idealização e coordenação deste projeto, tenho algumas considerações a fazer:
- Todos os moradores de Balneário Camboriú sabem que o principal problema de trânsito de nossa cidade se localiza na Avenida dos Estados.
- Enquanto Secretário de Planejamento tive como uma das principais metas propor alternativas que viessem gradativamente, resolver este e outros problemas de trânsito, tarefa nada fácil, diga-se de passagem.
- Ao invés de lamentar e criticar busquei apoio e idéias junto aos técnicos da prefeitura e principalmente, junto à comunidade. Desse apoio surgiu o novo sistema viário, composto por mais de 50 novas vias e avenidas e mais de 60 existentes que serão, pouco a pouco, ampliadas sem custos adicionais para o município, 5 novas praças na área central, projeto esse que foi discutido inclusive com a comunidade em várias audiências públicas e aprovado, por unanimidade na Câmara de Vereadores sendo hoje, portanto, parte integrante do Plano Diretor do Município, e por conseqüência, Lei.
- Buscamos um novo conceito para o sistema viário, possibilitando um melhor escoamento de veículos, proporcionando um transporte coletivo mais ágil e eficiente, que seja composto por um sistema cicloviário moderno, prazeroso e eficiente em que as ciclovias sejam laterais protegidas por canteiros arborizados, trazendo segurança e conforto aos usuários, com passeios ampliados e arborizados, proporcionando segurança e conforto aos pedestres.
- Numa atitude de coragem, o ex-prefeito Rubens Spernau autorizou a iniciar a obra. Logo, tiramos do papel o novo sistema viário, que anteriormente havia passado por ampla discussão com a comunidade através de varias Audiências Públicas.
- Começamos com o trecho mais problemático e para isso, por meio de licitação pública, contratamos uma empresa capacitada que elaborou o projeto executivo, hoje em andamento. - De todo o projeto, este é o trecho mais complexo, porque além das indenizações apresenta um terreno com inúmeras dificuldades, estas superadas com soluções iguais às adotadas em grandes obras rodoviárias tais como detonação de rocha, implantação de muros de contenção (chamados de terra armada), viaduto e cortina atirantada. Tudo foi feito no centro da cidade sem atrapalhar seu andamento normal e sem um acidente sequer.
- Entendo que os problemas técnicos se superam com soluções de engenharia e nossa maior preocupação foi com as famílias que ali residiam. Estas foram tratadas com respeito e, dessa forma, junto com a comunidade, conseguimos acordo com todos. As indenizações foram aprovadas pela Câmara de Vereadores e pagas em tempo recorde com um trâmite inédito em nossa cidade.
- Neste primeiro trecho, a obra só não foi concluída devido ao excesso de chuva no último semestre de 2008, mas os recursos financeiros para tal, ficaram assegurados. É fato que não existe projeto perfeito, todo ele pode ser melhorado. Penso que ao invés de somente criticar sistematicamente a obra e o projeto por meio da imprensa, o Prefeito Municipal poderia sugerir os melhoramentos que acha necessários, pois poder para isso não lhe falta.
- Quanto ao trecho da Rua Japão até a divisa com Itajaí, as informações dadas pelo Prefeito Municipal não conferem. Os terrenos a serem desapropriados não chegam ao número de 100, bem como o valor dessas desapropriações não chega nem perto dos R$ 100 milhões anunciados pela atual Administração. Praticamente a metade desses terrenos é baldia, sendo que para chegar ao valor anunciado o Município teria que pagar em média R$ 1 milhão por imóvel desapropriado nos bairros Nações e Ariribá, enquanto que o mercado pratica um valor bem menor, portanto as contas terão que ser refeitas para baixo.
- Quando a obra foi discutida, nos preocupamos em viabilizar os recursos para essa finalidade. Para tanto nos baseamos em ferramentas existentes no Estatuto das Cidades. Antes de deixarmos o governo, no mês de dezembro, elaboramos uma minuta de Lei que viabilizará esses recursos. Sempre tivemos coragem de propor alternativas, embora sujeitos a críticas.
- Novos caminhos foram propostos. Pensamos em dar alternativas viárias para efeito em longo prazo. Não entendo como, e nem porque, essas alternativas estejam causando tantos arrepios no Prefeito Municipal. Espero do governante uma ação madura no sentido de conciliar política com arquitetura e urbanismo que é arte e ciência. Afinal, está traçando o futuro da cidade e não gerando hipoteca sobre o futuro.
- Sugiro que, ao avaliá-las como inviáveis, ao invés de somente criticar, proponha alternativas que sejam executáveis e que atendam a realidade e às necessidades do município. O sistema viário de nossa cidade precisa de soluções. E o vetor principal de ação é aumentar o espaço para veículos, bicicletas e pessoas, através de ruas, ciclovias, novas praças, passeios e artérias, pois a capacidade das pessoas comprarem carros aumenta cada vez mais.
É o famoso embate entre o poder político e o poder econômico. Somente criticar é ficar no comodismo, um comportamento que não condiz com uma cidade do porte de Balneário Camboriú.
Precisamos de continuidade também às soluções arrojadas por parte do Governo Municipal. Servi à cidade através do governo de Spernau, meu compromisso como homem público foi com as futuras gerações, pois mais que uma cidade que recebemos de nossos pais é a cidade que vamos repassar aos nossos filhos.
Caso seja necessário, fico à disposição para mais informações.
Atenciosamente,
Auri Pavoni Engenheiro Civil, ex-secretário de Planejamento de Balneário Camboriú.
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